Sonho libertário
Eu, só com meus botões, às vezes cismo
nos porquês de haver fome pelo mundo
e, após pensar, julgo que são, no fundo,
contradições do neocapitalismo.
Sem ser este saber o mais profundo,
nos revela a distância de um abismo
entre o ideal e o falso moralismo,
entre aridez e germinar fecundo.
Sem democratizar a economia
não se constrói valor humanitário.
Temos que fazer da cidadania
o alimento do sonho libertário
de um Estado-síndico da maioria
e acima do poder discricionário.
(Inspirado pela leitura de A Mosca Azul, reflexões sobre o poder, de Frei Betto, Editora Rocco, Rio de Janeiro, 2006, págs. 274/275)