Sonetos ao soneto do amigo poeta Marcos Loures (Bis)

Consciente de ti, nem a mim sinto

E sei que tanto quanto já me dou,

Recolho tão somente o que sobrou,

Deixando-me levar por este instinto.

E quando nos teus olhos eu me pinto

Vestindo o que deveras se rasgou,

A velha fantasia não restou

Traçando a realidade que ora minto.

Pressinto o que talvez não aconteça

Ainda quando inútil obedeça

O coração veleiro sem um porto.

Trafego por diversas avenidas

Caminho por estradas divididas,

E beijo o meu passado, mesmo morto.

MARCOS LOURES.

“E beijo o meu passado, mesmo morto”

Lembranças do que fui abrem a estrada,

Tornando bem mais fácil a caminhada

Evitando um trilhar que seja torto.

Meu coração, enfim, chega a um porto,

Cumprindo outra etapa da jornada,

A vida assiste a tudo e não diz nada,

Mas aos meus planos não concebo aborto.

Felicidade sendo a minha loteria,

Olho pro Céu e busco a Estrela Guia

Norteio-me na luz desse Luar,

O pensamento eu deixo divagar

Transportando velhos planos pro futuro.

Não quero mais trilhar pelo escuro!

JRPalácio

“Caminho por estradas divididas,”

Tentando achar o chão d’onde parti,

Raízes eu deixei fincadas ali;

Não vi a sorte nestas avenidas.

Nas mãos os calos, nos pés, feridas.

Desta cidade grande, eu desisti,

Do sonho a fantasia eu não vesti;

Na bagagem o suor das duras lidas.

Pau-a-pique quis trocar pela favela,

A mata quiz trocar pela janela

Do barraco pendurado por um triz.

Cidade grande só me fez sofrer...

Migrar somente para o Céu, pode crer...

Torno ao sertão onde vou ser mais feliz.

JRPalácio

“Trafego por diversas avenidas”

A cem por hora eu vou sem direção

A vida me deixou na contramão

Do tempo, são muitas as horas perdidas.

Minhas vontades, tantas, divididas

Na guerra ente o sonho e a razão

Sobrando sempre ao pobre coração,

Que sofre por paixões mal resolvidas.

O tempo há de mudar, mas não sei quando,

Embora consciente eu estando,

Viajo simples sonhos d’um farsante.

A vida vai de mim sempre adiante.

Tentar neste cenário uma mudança?

Queimei os meus cartuchos da esperança!

JRPalácio

“O coração veleiro sem um porto”

Navega neste amor, sem direção

Tivesse um timoneiro em sua mão;

Achasse o rumo, não sofreria tanto.

Não faz sentido dizer que já foi santo

Pois semeou demais tanta ilusão,

Falseou em outros, a emoção

E hoje a solidão é o meu quanto.

Abrindo o velho armário inda vejo

Ser possível alcançar o que desejo:

Meu coração viver felicidade.

Que brote em seu jardim naturalmente,

Mesa farta em paz e alegremente

Cultive o amor com intensidade.

JRPalácio

“Ainda quando inútil obedeça”

Buscando uma maneira de lutar,

Sem forças o coração quer se entregar,

Brincou com o amor que lhe pregou a peça.

Caiu o pano, não existe mais conversa;

O sonho se perdeu pela estrada,

Restando-lhe a visão tão deturpada;

Achar um horizonte é o que interessa.

Seus passos sem o amor levam a nada,

É Lua que não vê a madrugada,

É perder-se do futuro sem ver rastro.

Batias coração, hoje, és gemido

Teu choro talvez tenha algum sentido...

Navega, iça as velas do teu mastro.

JRPalácio

“Pressinto o que talvez não aconteça”

Só não me custa nada uma tentada;

É sábado, cerveja, feijoada

E pagode lá na casa da Odessa.

Quem sabe eu encontre a Vanessa.

Disseram que por mim está gamada,

Minha bola de cristal não disse nada,

Mas hoje vou passar-lhe a conversa.

Bonita, educada e dengosa,

Eu até já ensaiei a prosa;

Depois de tomar umas: sou gentileza.

Vou namorar a moça com certeza,

Aí eu vou comprar as alianças,

Pra ver a casa cheia de crianças.

JRPalácio

“Traçando a realidade que ora minto”

Vou sendo o velho ator neste teatro;

Contigo quantas vezes quebrei o trato

E sei que a culpa é desse meu instinto.

Sei que nem sempre o galo é pai do pinto,

Mas não quero causar-te algum espanto,

Teu nego, tu sabes, nunca foi santo,

Mas conheces o amor que por ti sinto.

Nosso teatro terá amor à beça,

Eu vou me enquadrar em tua peça;

Abra a cortina, deixe o show acontecer...

Complete então o cenário, venha ser,

A atriz da minha peça permanente:

E aplausos ou tomates, aguente.

JRPalácio

“A velha fantasia não restou”

Somente estes retalhos pelo chão,

Morreu na quarta feira; ilusão!

Um caso que nem mesmo desfilou.

Meu carnaval não viu passar o amor,

Vestiu-se tão somente em solidão,

Embriagou-se em tanta ilusão,

Mas não viu, da colombina, nem a cor.

E agora o que fazer da vida só?

Deixar seguir ou desatar o nó,

Tentar fazer feliz o coração;

A sorte, essa caixinha de surpresa,

De vem em quando nos faz gentileza,

Fantasiando, assim, nossa razão.

JRPalácio

“Vestindo o que deveras se rasgou”

O fraque, nesta foto, remendado,

Reflete nossas brigas do passado

Que o teu ciúme sempre provocou.

O quadro foi pintado furta cor.

Não pode ser, o amor, tão maltratado

Mas, depois do caldo entornado;

O que interessa saber quem derramou?

Seguir em frente ou então sair de lado,

De que vale nosso amor tão entravado?

Ou toca sino ou acompanha a procissão!

Pro nosso caso ainda existe solução;

Esqueça esse ciúme e volte logo;

Viver sem teu carinho, amor, é fogo.

JRPalácio

“E quando nos teus olhos eu meu me pinto”

Me sinto viajando em outro astral,

Percebo que o amor abre o sinal

Pra que eu saia deste labirinto.

Eu conheci o teu amor tão solidário,

Já não penduro a sorte no varal;

Tu foste o remédio do meu mal

Curado: que era ser tão solitário.

Tristezas e dissabores, nunca mais.

Calmaria depois de tantos vendavais;

O agora se faz meu melhor momento.

Meu canto vai feliz, ecoa ao vento

Vestindo esta emoção que é sem limite,

Já não existem barreiras, acredite.

JRPalácio

“Deixando-me levar por este instinto”

Eu tento encontrar o rumo certo,

Farejo a felicidade perto;

Já vejo a porta deste labirinto.

Dizendo que te quero eu não minto,

E sei que também queres meu momento

E estando junto a ti eu me apascento;

Felicidade é ir ao teu encontro!

E venha, amor, para os meus braços

Juntos trilharemos os nossos passos,

Em meio aos dias turvos ou tão claros.

Atritos, eu sei, virão mas serão raros,

Porém serão maiores as conquistas.

Daremos um ao outro, amor, as pistas.

JRPalácio

“Recolho tão somente o que sobrou”

A cola já não da pra tanto caco,

O nosso amor se mostra tão opaco;

Vamos reconstruir o que restou.

Querida esqueça, então, a dor

Se for pro bem maior do amor eu fico

Os nossos velhos sonhos eu edifico

Nossa matéria prima será o amor

Tratemos de querer-nos em carinhos,

Melhor o amor cantado aos burburinhos,

Juntemos-nos como os versos em poesia.

Conduzindo-nos à luz da Estrela Guia

Vendo brotar em nossos corações

As coisas belas que trazem emoções.

JRPalácio

“Eu sei que tanto quanto já me dou”

São as rosas que joguei no teu caminho,

Por que preferes pisar nos espinhos

Se nas ondas de teu encanto eu estou?

Não diga que nosso sonho capotou,

São muito mais as retas do caminho,

Me deixe viajar no teu carinho,

Frente á luz deste luar que alumiou.

Para que nosso amor sobreviva

E se faça rocha imperativa;

Tormentas e tempestas, nunca mais.

Eu sei o tanto quanto já me dou!

Farei por merecer o teu amor,

Que escapou ileso a tantos ais.

JRPalácio

“Consciente de ti, nem a mim sinto”

Buscando em teu prazer as variáveis,

Momentos de tempestas e estiagens,

A mexerem-me do primeiro ao quinto.

Dizer que não viajo, sabes, minto!

O amor despido sem esta roupagem,

Tendo nosso suor por maquiagem,

Perdemos-nos neste sensual labirinto.

E nestas tais loucuras mergulhamos.

Sendo assim desde quando nos encontramos,

Pois contigo não existe tempo feio.

Amo me ver brincando em teu recreio

Perdendo-me em meio aos teus mistérios,

Guardados como se nos monastérios.

JRPalácio

JRPalacio
Enviado por JRPalacio em 06/01/2013
Reeditado em 07/01/2013
Código do texto: T4070941
Classificação de conteúdo: seguro