TEU DESPERTAR
O corpo esbelto, ainda em decúbito
Enquanto o sol há muito... No dossel
Rompeu a fímbria do horizonte, véu
E o corpo inerme a dormitar no púlpito
Vem despertando aos poucos, não de súbito
Empós a lua cheia a reinar no céu
E eu, do amor, sendo apenas, um réu
Envolvo-me no enleio, sendo súdito!
Entre beijos e amplexos desperta
Pela claridão da janela aberta
O teu corpo diáfano de lume...
Carinhosa, vaidosa, a bela dama
Acorda, dá bom dia, sai da cama, e
Deixa na colcha um rastro de perfume!
Do livro: Poemais
Página 38
Autor: Miguel de Souza