22 Anos
22 anos conto pelo estreito
Corredor de lembranças pulverosas,
Mas contam minhas dores pavorosas
Que mais velho ou já morto está meu peito.
Dois cisnes numerais são meu afã
E, abstratos, navegam por meu fado.
Dei-lhes nomes, conforme me foi dado:
Branco é Ontem e negro é o Amanhã.
Ah! por que a Fortuna me dá tanto
Tempo de sobrevida neste pranto?!...
Por que do bem passado só recordo?!
Não quero tanto tempo, quero danos
Que firam a ampulheta de meus anos
Com tapas bem no topo, se inda acordo!