SÓ PENSABUNDA
(Soneto misto de sáfico e heroico da minha série de poesias gramaticais)
Olhar perdido, assim cogitabunda,
numa tarde já quase moribunda,
ela cada vez mais meditabunda,
ansiosa, tão carente e sitibunda!
Vem a noite e ela fula e furibunda,
com a sua alma doída e gemebunda,
se transforma e se afoga nauseabunda
num mar de ódio que em dor superabunda!
Pouco depois, mais calma e pudibunda,
mesmo que ainda tétrica e errabunda,
desiste da paixão venerabunda!
Rima, mas ela não é vagabunda!
São só desbundes do sufixo bunda
que, em português, seus radicais abunda!