Saracura
Edir Pina de Barros

É fim de tarde, canta a saracura,
no verde saranzal que beija o rio,
ciscando o solo, úmido e sombrio,
com tanta graça, cheia de mesura;
 
com seu jeitinho tímido e arredio,
às verdes folhas logo se mistura,
buscando algum bichinho, que procura
e apresa, mata a fome em pleno estio.
 
Três potes canta sempre, todo dia,
às margens das aguadas pantaneiras,
no fim do dia ou no raiar da aurora.
 
O canto, grave, intenso - uma poesia-
ecoa-se no espaço, em suas beiras,
ressoa na alma e nunca vai se embora.
 
Brasília, 2 de Janeiro de 2013.

Livro Poesia das Águas, pg. 64
 
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 02/01/2013
Reeditado em 16/07/2020
Código do texto: T4063911
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