Não direi que não faça, de momento,
Um soneto, sofrível, mau que seja,
Mas lhe direi: por um, experimento
Trazer inspiração de onde ela esteja.

Vai num soneto nosso ora um lamento,
Ora alegria,  o vento que bafeja,
Vai a nossa alma, com desprendimento,
Vai muito da ilusão que a vida enseja.

Exemplo é este, fraco, rima pobre,
É nada singular, nele descobre
Quem o ler mesmo às pressas, assim mesmo.

Mas é fiel a si, ao seu autor:
Feito tarde da noite, em desfavor
Da beleza e da graça – vai a esmo.

Antonio Carlos Pinheiro
Enviado por Antonio Carlos Pinheiro em 27/12/2012
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