Não direi que não faça, de momento,
Um soneto, sofrível, mau que seja,
Mas lhe direi: por um, experimento
Trazer inspiração de onde ela esteja.
Vai num soneto nosso ora um lamento,
Ora alegria, o vento que bafeja,
Vai a nossa alma, com desprendimento,
Vai muito da ilusão que a vida enseja.
Exemplo é este, fraco, rima pobre,
É nada singular, nele descobre
Quem o ler mesmo às pressas, assim mesmo.
Mas é fiel a si, ao seu autor:
Feito tarde da noite, em desfavor
Da beleza e da graça – vai a esmo.