Amar-te
"Ah, por que será que o amor, sendo
tão terno na aparência, torna-se tão
tirano e cruel quando se experimenta?"
(SHAKESPEARE; Romeu e Julieta, Ato I, Cena I)
Quisera dizer-te tão-somente,
Sem abster-te da alegria ou não,
Que a alegria de ter-te inda sente
O meu tão plangente coração;
E também falar-te ternamente
Que em vão beijar-te é amar-te em vão,
E rente sonhar-te eternamente
É somente amar-te em solidão.
Mas não coubera a mim que a amargura
Da lembrança dura que perdura
Perdurasse co'essa agrura triste!
Não, eu não pensara que o passado
Tornar-se-ia um fado nodoado
E o amor o porquê que tu partiste!