SONETO DA RECORDAÇÃO.
Lembro-me do carro de boi rasgando a estrada,
Do seu cantar triste ,enfadonho e mortífero,
Da baba escorrendo da boca de moreno e roxinho,
Do canzil e da canga, das broxas e da guiada.
Da roça extensa e seca , no chapadão plantada,
Dos braços fortes dos sertanejos corajosos,
Da cantiga que conduzia o carro com lealdade,
Da sede da casa grande aonde o feijão era despejado.
Lembro-me do terreiro extenso de terra firme ,
Do feijão calando sob o sol em brasas ,
Do barulho fustigante das varas de espeto rosa.
Da palha abrindo a força e das sementes pulando,
Das mulheres de saias rodadas ,com peneiras a punho,
Do monte de feijão , vivos nas minhas lembranças.