Um ateu
Andava um herege sem rumo
Catando e montando insumos
Desviando-se de todas as Sés
Afinal, ele nunca apegou-se à fé
Driblava e enxugava seu pranto
Cuidava e cicatrizava sua ferida
Sem nunca ter se valido de santo
A terapia aquele boticário valida
Mas nem toda ferida vem calma
Só machuca aquela que é da pele
Sabe curar o que machuca a alma?
Sem remo, o que o barco impele?
Um ateu, sem rumo vai à devirá
Do âmago e da dúvida se esquiva