TEU OLHAR
Ao ser o teu olhar, não mais me cego
Às cinzas comburentes dos meus dias,
Batiza a solidão com ardentias
Perdidas nos porões em que navego.
De que me foi valer? Somente o ego
É pranto vendilhão de pratarias,
Vendendo ao mesmo peso das porfias,
Viver o teu olhar em que me nego.
É tenda num além dos pensamentos,
Treliça metafísicos dizeres
Aos verbos 'inda crus e lutulentos.
É o Hermes da resposta vislumbrada
Em tudo que a razão concebe os seres;
Depois do teu olhar, apenas nada!