DESALENTO
Desalento insistente me reside,
sim, se enrosca em mim feito sanguessuga
e preso, emaranhado me divide
traçando em minha face nova ruga.
Mesmo não dando alento, ele persiste,
toma posse da mi’a alma, sobrepuja.
Acuada a emoção tem canto triste
igual ao pio agourento da coruja.
Mesmo ordenando que vá, ele ignora
e sorrindo sarcástico me abraça;
não respeita dia, mês, nem ano ou hora.
Desalento insistente eu lhe deserdo.
Seu desdém não aceito, sim, renego.
Ser para sempre amante sua, eu me nego.