Delírio e delicadeza

Para Rodrigo Carvalho

Esses versos que maculam minha calma

São as setas de um arqueiro doidivanas

Que em posse das palavras mais insanas

Alveja o sossego em minha alma.

Com brutal delicadeza, O delirante,

Desperta-nos do sono dos “bossais”

E mesmo imerso em brumas madrigais

Vislumbra, feito um lince, o sol distante.

Amputa, frio, os membros putrefatos.

Atira vinho azedo nas feridas

Por meio de hediondos desacatos

Mas, quer o médico a dor, o sangue e a morte?

É assim que esse poeta acode vidas

Fazendo em todo mal profundo corte.

Orpheus
Enviado por Orpheus em 07/03/2007
Código do texto: T404534