Delírio e delicadeza
Para Rodrigo Carvalho
Esses versos que maculam minha calma
São as setas de um arqueiro doidivanas
Que em posse das palavras mais insanas
Alveja o sossego em minha alma.
Com brutal delicadeza, O delirante,
Desperta-nos do sono dos “bossais”
E mesmo imerso em brumas madrigais
Vislumbra, feito um lince, o sol distante.
Amputa, frio, os membros putrefatos.
Atira vinho azedo nas feridas
Por meio de hediondos desacatos
Mas, quer o médico a dor, o sangue e a morte?
É assim que esse poeta acode vidas
Fazendo em todo mal profundo corte.