FLAGELO

Me indisponho a aceitar o inevitável,

O que a alma pressupõe saber e esconde,

E em silêncio se abstém, nada responde,

Num complexo hermetismo imperscrutável!

Por mais que o crânio a psique humana sonde,

Sofre o intelecto um dano irreparável,

Acerca-me o Flagelo miserável,

Como a um lobo que a ovelhas brancas ronde!

Eu sou o homem morto, o esquálido homem morto,

Vindo de um ventre habituado ao aborto

Que sangra o leite azedo da má sorte!

Eu sou o homem morto que grita à vida,

Enquanto o pus escorre da ferida:

-"Tenha muito cuidado com a Morte!"