O segredo de um verso sem desfecho

Leitores, ao término da leitura, não penseis que eu esqueci algo no final. Não... Realmente o último verso tem que ser incompleto, assim o imaginei - ou assim o ouvi. Quando pensei no personagem, pensei também em seu segredo. E este, nem a mim - seu criador - foi confiado. Sou aqui um mero ouvinte e também imagino coisas como vós. Porém, de uma coisa tenho certeza: o óbvio aqui é o menos provável para a peça e o mais espantoso para mim.

Aqui, a imaginação do leitor é incitada.

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"Ouço em tudo teu nome, em tudo o leio:

E, fatigado de calar teu nome,

Quase o revelo no final de um verso"

(Olavo Bilac)

"Amei... Amei demais aquela dama...

Amei-a como o Sol amou a Lua...

Amei-a como um cão amou a rua...

Amei-a como a água amou a chama...

Amei-a como um porco amou a lama

E como o céu amou a tarde nua.

Amei-a a cada doce fala sua:

O amor sem condição de quem mais ama..."

O canto deste doce testemunho

Ouvi d'um pobre ator - num mês de junho -

Que a peça assim findou, em voz tranquila:

"Amigo, agora sou um ser sozinho...

Presença? Tão somente deste vinho

Enquanto eu lembro os risos de..."

18/12/2012

Innocencio do Nascimento e Silva Neto
Enviado por Innocencio do Nascimento e Silva Neto em 18/12/2012
Reeditado em 08/02/2013
Código do texto: T4042370
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