Garça na tempestade
Edir Pina de Barros

Em meio à tempestade vai a garça
revoa, tão perdida, tão sem norte,
cruzando a ventania fria e forte
que o véu do dia, sem cessar, esgarça.
 
E segue só, sem ter qualquer comparsa,
levada pelos ventos, rumo à morte,
sem nada que a proteja, que a conforte,
ao menos uma luz suave, esparsa.
 
Distante do conforto dos ninhais,
olhando, com tristeza, os pantanais
deixa-se ir, entregue à tempestade.
 
As plumas, brancas plumas, voam soltas
em meio às ventanias, tão revoltas,
e some, a garça, enfim, na escuridade.
 
Brasília, 18 de Dezembro de 2012.

Poesia das Águas, pg. 31
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 18/12/2012
Reeditado em 16/07/2020
Código do texto: T4041271
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