0 MORIMBUNDO
Vejo o Espírito ofídico dos répteis
Pelos campos oníricos do Inferno,
A corromper com garras frias, retráteis
O abrigo do sublime ocaso eterno.
Vejo o Abismo impreciso em trevas íngremes,
Através da infinta Esfera orgânica,
Por onde passeiam víboras e vermes,
Nas entranhas febris d'alma Satânica!
Vejo a mim mesmo, quase um esquecimento,
A sangrar tristes lágrimas ao vento,
Morrendo aos poucos em meu sono etéreo.
Vejo a caveira fóssil dos defuntos,
Junto a mim, não distante, sempre junto,
A vestir-me com teu luto funéreo!