DESAMPARO DOS MORTOS

O Inferno sou eu em meu abismo tenebroso,

Onde minh'alma ferve em ermos portos,

Sou eu este Inferno amplo, abjecto, antigo e odioso,

Em todo hediondo em corpos mortos!

Sangro, em vão, meu veio exangue, lacrimoso,

Em vertigens demaio em passos tortos,

Meu sangue é enxofre acídulo, impiedoso,

- O sangue dos defuntos nos abortos!

Sou o servo enfermo, envolto em negras sombras,

Vestido com o luto das penumbras,

Em companhia de mortos desmaiados!

Agonizo em meu exílio, um louco insano,

Assombra-me meu aspecto ósseo, inumano,

Entre espectros, a sós, desamparados!...