MEMENTO MORI
Oh! mas é negro o imenso vazio inútil
Que faz tumulto em meu frio coração,
A lacerar-me o peito sempre rúptil,
Em dor, extrema dor e devoção!
Febrilmente deliro um sonho fútil,
Noutro instante envolve-me o turbilhão,
Rompe da minha vida o fio inconsútil,
Com a ferocidade cruel de um cão!
E eis-me defunto, exposto aos sete palmos
Frente aos meus olhos finda os astros calmos,
Aos pés da cova sei que morro só!
E é neste instante, sim, é neste instante
Que percebo que a Morte é uma constante
Em minha vida esvaída em lama e pó!