A LIBERTAÇÃO

Enovelado à vida que pressiona,

que aperta os fios ásperos e grossos

e após sufoca feita em densa lona

jogada sobre o dia e seus destroços,

procura resistir à vil tortura

o infausto ser de quedas e dispêndios,

enquanto estanca a bruta sangradura

do seu destino em sombras, vilipêndios.

Caminha todo preso, envolto aos fios,

tentando, em vão, sorver o bem da aurora,

mas quanto mais insiste, mais se aperta.

Desiste e enfim se rende aos tons bravios

e bebe um bom veneno que o devora,

feliz por ver, na morte, a porta aberta.