Soneto para as louras
 
Trigal maduro não lhe causa inveja
Nem flor de girassol ou grão de sorgo.
A graça que o capuz dourado enseja,
Beijando-lhe o veludo alvo do corpo,
 
Encabula no céu a pobre Lua,
Que reage com luz roubada ao Sol,
E acha que é sua a cor da loura nua.
Ó Lua! Enciumada, faz farol...
 
Não é porque lhe falte na cachola
O tom cinza do órgão do pensamento
Que ela age sob a força da emoção.
 
É que seu amor vem como a marola
Que explode branca no rebentamento,
E no peito ela tem mais coração.


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N. do  A. - Na ilustração, De Manhã Cedo de Pino Daeni (Itália, 1939 - EUA, 2010).
João Carlos Hey
Enviado por João Carlos Hey em 14/12/2012
Reeditado em 03/10/2022
Código do texto: T4035041
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