LÚGUBRE LEGAMEN

Em terra de cadáveres sepultos

Há muito tempo por velhos coveiros,

Abandonei meus ossos insepultos,

À sorte dos abutres carniceiros,

Junto à carcaça dos homens incultos,

Sob o atento e frio olhar dos carcereiros,

Que rogam pragas e cospem insultos

E exalam o mais fétido dos cheiros!

Às larvas que se embrulham sobre a aorta

A decomposição da carne morta

Na lamaceira da minha miséria;

Aos vermes, minha esquálida caveira

Já apodrecida, e imersa na sangueira

Putrefacta e promíscua da matéria!