Quem tem medo de Clarice?




 
Como saber o defeito que me sustenta*
Se não temo chuva no escuro ou forte ventania
Entrego-me ao silêncio noturno,abraço o clarão do dia
E entender o meu anuncio, amigo,deixa-me atenta
 
 
Sou forte, solta e densa como a solidão
Já que a alegria intensa é borboleta fugaz
Renda-se como me me rendi,  em cada contramão
Entender-me?  Enganar-se?  Para mim, tanto faz
 

Quantas vezes depois de calúnia e tristeza imensa
Sinto-me  tão alegre me reinvento, viro estrela cadente
Nada faz-me  mal, na alegria divina,  nada me fere
 

Não me dilacera nem me esmaga calúnia pretensa
Há luz em minha sala de estar, estou contente
Há em meu rosto uma proteção que ao mal não adere






*Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.


 
 
Paráfrase em homenagem a Clarice Lispector