DOS VENTOS

Olhe, não saiba. A boca espuma o peito

Que o coração sequer dirá concreto;

O verbo é o caiar do ser secreto

Que dorme numa causa sem efeito.

Qualquer coisa terá; de qualquer feito

Ao tempo espalhará, pois diz completo.

E pensa definir o azul quieto

Com cinzas farfalhantes do conceito.

Depois, logo depois do olhar perdido,

Por dentro, revestido nos dois seres,

O mundo que se diz sem ter sentido

O mundo que ficou detrás dos ventos;

Pois tudo que se encontra nos dizeres,

Jamais descreverá teus sentimentos.