DIÁLOGO ENTRE MORTOS

Sou um velho Poeta negro, um velho Bardo,

Morto no leito pobre de um defunto,

Num belo quadro, ao meu lado, bem junto,

A Gioconda do Mestre Leonardo!

Por quê?... - Quase em sussurro lhe pergunto -

Cansado os ombros do peso do fardo:

"És um velho Poeta negro, um velho Bardo,

Morto no leito pobre de um defunto!

Com o sangue dos teus versos em um fio,

Escrevestes o teu triste epitáfio,

Bem saber: és Poeta...és infeliz!

E és velho, e és negro, que funesta sorte,

É sinistro saber, é pior a morte

Quando se tem o Inferno por País!..."