TEMPO DE SORTILÉGIO * O verso
Na terra, o verso lavra o pão de cada dia.
No céu, o verso voa alturas de vertigem.
Na flor, o verso inventa aromas de magia.
Em nós, o verso sonda em deus humana origem.
Na luz, o verso encontra acesa a claridade.
No escuro, o verso cumpre as penas do desterro.
No verbo, o verso canta estreme a liberdade.
Na morte, o verso chora a perdição do cerro.
O verso enquanto verbo autêntico e desnudo,
sujeito a cada olhar, por mais inquiridor,
sem medo dos ardis, sem arma nem escudo.
O verso enquanto verbo, ousando a profecia,
vestida de manhã e do amanhã que for,
que tudo além e aquém de nós é Poesia.
José-Augusto de Carvalho
4 de março de 2007.
Viana do Alentejo * Évora * Portugal