+ Tédio +
Vai nesse meu pranto sem remédio
Catatônico tormento, mal acalanto
Lacuna infame, à letargia e encanto
Em dormência jaz da alma em tédio
Nem mesmo Satanás de vil assédio
Ou anjos do céu, com o olhar santo
Teria no sol da tarde o róseo manto
Que clama do corpo tal intermédio
Se ao gesto em riste do dedo médio
Não transpassar a cela deste prédio
Que carrego em mim, de cada canto
Neste sopro vazio sem amor ou ódio
Guardarei em mim o pagão custódio
O desgraçado tédio, maldito pranto!
Valdívio Correia Junior, 05/12/2012