Tarrafeiros
 
Nos terreiros das casas, pescadores
tarrafas tecem – ágeis, tão ligeiros -
embaixo de mangueiras, tarumeiros,
silentes, a pensar nos seus amores;
 
dos que despertam, são sempre os primeiros,
sequer raiou a aurora, em suas cores,
para beijar a areia, os seus alvores,
lá se vão, sobre o rio, os tarrafeiros;
 
e sobre as águas, dentro de canoas,
equilibrados, leves sobre as proas,
tarrafas lançam sob o céu de anil.  
 
E tais visagens, cheias de estesia,
desvelam, sempre, a essência da poesia,
de todas, a mais nobre, a mais sutil.
 
Cuiabá, 6 de Dezembro de 2012.

Livro: Poesia das Águas, pg. 56
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 02/12/2012
Reeditado em 16/07/2020
Código do texto: T4016494
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