Quando o vale fulgente de meus sonhos...

"Tenho tanta coisa e a lembrança dela tudo devora!

Eu tenho tanta coisa e sem ela tudo se reduz a nada."

"Werther" - Goethe

Quando o vale fulgente de meus sonhos;

Foi feito, pelas garras de infernais;

Desenganos com traços tão medonhos,

Em Báratro de fendas abissais,

Os firmamentos, hora atrás risonhos,

Refletiram a negrura de meus ais;

E agouraram, com rostos enfadonhos,

Que a luz eles veriam nunca mais.

Matava-me a negrura deste fado!,

Porém, quase mudado num demente,

Ressurgiu lucidez em minha mente.

Mas, ah!, triste de mim, um desgraçado!,

Quando enfim sob as luzes da razão,

P'ra viver não havia mais razão.