Palavreando Augusto dos Anjos
A IDEIA. Augusto dos Anjos
De onde ela vem?! De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!
Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!
Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas do laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica ...
Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No mulambo da língua paralítica.
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Vêm do encéfalo, surgem misteriosas;
Em vibrações, ( moléculas genéticas),
Dominantes em alguns, em outros, patéticas,
Em seus mistérios tais quais as nebulosas.
São luzes brilhantes, maravilhosas,
Dando vida às criações poéticas
Incógnitas às criaturas céticas
Fazendo-se serenas ou espinhosas.
Dependentes das cabeças que as dominam
Enfrentam as estalactites que as inflamam
Na luta, para não morrerem à míngua.
E vão, e nas cordas da laringe esbarram
Lhes faltam quebrar o resto que as amarram,
pra que cheguem, enfim, à ponta da língua.
Josérobertodecastropalácio