Palavreando Augusto dos Anjos

A IDEIA. Augusto dos Anjos

De onde ela vem?! De que matéria bruta

Vem essa luz que sobre as nebulosas

Cai de incógnitas criptas misteriosas

Como as estalactites duma gruta?!

Vem da psicogenética e alta luta

Do feixe de moléculas nervosas,

Que, em desintegrações maravilhosas,

Delibera, e depois, quer e executa!

Vem do encéfalo absconso que a constringe,

Chega em seguida às cordas do laringe,

Tísica, tênue, mínima, raquítica ...

Quebra a força centrípeta que a amarra,

Mas, de repente, e quase morta, esbarra

No mulambo da língua paralítica.

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Vêm do encéfalo, surgem misteriosas;

Em vibrações, ( moléculas genéticas),

Dominantes em alguns, em outros, patéticas,

Em seus mistérios tais quais as nebulosas.

São luzes brilhantes, maravilhosas,

Dando vida às criações poéticas

Incógnitas às criaturas céticas

Fazendo-se serenas ou espinhosas.

Dependentes das cabeças que as dominam

Enfrentam as estalactites que as inflamam

Na luta, para não morrerem à míngua.

E vão, e nas cordas da laringe esbarram

Lhes faltam quebrar o resto que as amarram,

pra que cheguem, enfim, à ponta da língua.

Josérobertodecastropalácio

JRPalacio
Enviado por JRPalacio em 01/12/2012
Reeditado em 27/08/2017
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