Já Sobre o Coche de Ébano Estrelado

"Já sobre o coche de ébano estrelado

Deu meio giro a noite escura e feia ;

Que profundo silêncio me rodeia

Neste deserto bosque, à luz vedado!

Jaz entre as folhas Zéfiro abafado ,

O Tejo adormeceu na lisa areia ;

Nem o mavioso rouxinol gorjeia,

Nem pia o mocho, às trevas costumado :

Só eu velo, só eu, pedindo à sorte

Que o fio, com que está minh'alma presa

À vil matéria lânguida, me corte :

Consola-me este horror, esta tristeza ;

Porque a meus olhos se afigura a morte

No silêncio total da Natureza."

Bocage
Enviado por Américo Paz em 30/11/2012
Reeditado em 21/12/2013
Código do texto: T4013242
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