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TRAGÉDIA PASSIONAL
 

Inditoso, o rapaz!... Tombado jovem,
mas deixando legado o mais adulto;
por ser moço, garboso e muito culto,
de invejoso cruel balas o chovem.
 

Com ciúmes, a mão de um celerado
cinco tiros desfecha no poeta*,
quase imberbe, com sonhos de profeta,
pré-moderno e nos tempos avançado.
 

Pois a reles maldade de um cretino
quis a vida ceifar do tal menino
– um titã, grande bardo, de primeira.
 

Fortaleza chorou, nos anos vinte!...
Contra o Mário, covarde e vil acinte:
crime infame, na Praça do Ferreira.
 

Fort., 24/11/2012.
 
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(*) Com pouco mais de 21anos, Mário
da Silveira (1899-1921), no centro de
Fortaleza, barbaramente foi executado
por um filhinho de papai.
 
O medíocre e enciumado crápula que o
matou desferiu-lhe cinco certeiros tiros,
por razões passionais.
 
Mário deixou uma obra literária deveras
sucinta, porém de grande relevância nas
letras cearenses, pois que é considerado
como um pré-modernista, mesmo antes
da realização, em São Paulo, da Semana
de Arte Moderna (1922), ao exercitar-se
em versos livres.
 
Coroa de Rosas e de Espinhos, sua obra
essencial, apresenta sonetos de raríssima
qualidade estética. Deixou, ainda, bastantes
conferências e era um exímio recitador.
 
Ele privou da amizade de gente da Padaria
Espiritual, como Sales Campos e do maior
padeiro, que era Antonio Sales.



Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 25/11/2012
Reeditado em 02/12/2012
Código do texto: T4004552
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