ANSEIO

Em nós, tudo se morre em cada pranto,

Ao indulto que o infeliz ser, sim, reluta;

E este mesmo a salvar-nos na conduta,

Dum viver de castigo e desencanto!

Se antes preso a ele fomos dominados,

Livra-nos do destino tão sombrio,

Nos tristes sentimentos feito um frio rio,

Num barco a navegar os condenados.

E em cada lágrima uma piedade,

A aquele ser que muito nós amamos!

É a forma em vida desta tal saudade...

Quem foi que disse que ela não nos mata?

Se só foi por amor que nós choramos,

E a despedida vem na hora ingrata!

Setedados
Enviado por Setedados em 19/11/2012
Reeditado em 19/11/2012
Código do texto: T3994630
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