ANSEIO
Em nós, tudo se morre em cada pranto,
Ao indulto que o infeliz ser, sim, reluta;
E este mesmo a salvar-nos na conduta,
Dum viver de castigo e desencanto!
Se antes preso a ele fomos dominados,
Livra-nos do destino tão sombrio,
Nos tristes sentimentos feito um frio rio,
Num barco a navegar os condenados.
E em cada lágrima uma piedade,
A aquele ser que muito nós amamos!
É a forma em vida desta tal saudade...
Quem foi que disse que ela não nos mata?
Se só foi por amor que nós choramos,
E a despedida vem na hora ingrata!