SONETO SEM GRAÇA
Meus dias tornaram-se encardidos
Meu jardim as flores não mais coloridas
Nada me vem de graça todos perdidos
Junto o choramingar em lágrimas sofridas.
Minhas tardes o azul já não mais tem
Os pássaros fugiram do velho arvoredo
Nada é belo, por perto nada me vem
Deito junto os clamores, meu Eu, no segredo
Assim rezo baixinho, deslizando o rosário,
Deixando o céu em olhar bem lá de cima,
Escondendo comigo as chaves do armário
Junto ao peito dolorido, atada ao sutiã.
Procuro nos livros a exalta palavra que rima
Com amanhã que será sempre o amanhã.
DIONÉA FRAGOSO