O ESPANTO DE SPINOZA

Deita-se o ponto sobre outro plano,

E quer a vista nele se perder,

Qual se pudesse na paisagem ser

Essa paisagem que lhe tira o pano.

Se te olhasse como fazem crer

Estes teus olhos, sem quaisquer enganos,

Que desses fótons há de ser humano

Ao dissolver-se nessa essência-ser.

Então diria essa paisagem viva:

“Eis-me aqui quando se pensa o extenso,

“Depois que pensa, a ilusão cativa.

“Não sou um eu num truncar a sós,

“Nem sou você quando a mim me penso

“Nesse tecido costurado em nós.”