REFLEXÃO

Meus dias tem sido amargos como a camomila

Deixada dentro d’água no sentido da infusão,

Não sou mais a primeira daquela amarga fila,

Esperando nervosamente ganhar seu coração.

Sou uma sombra do tempo, sou um vulto do nada

Esperando o nada, olhando o vulto da vida passar

Enquanto uso a boca da noite, até alta madrugada

Para clamar junto deste soneto vendo o dia clarear.

Meu amado, são tantas as lágrimas choradas

Que chegam a molhar o travesseiro desbotado

Entre rezas mal rezadas que fogem desesperadas.

Por não encontrar um segundo se quer de atenção,

Enquanto o pensamento voa, junto ao sonho encantado,

Escorregando pelas beiradas dos barrancos sem proteção.

DIONÉA FRAGOSO

Dionea Fragoso
Enviado por Dionea Fragoso em 11/11/2012
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