REFLEXÃO
Meus dias tem sido amargos como a camomila
Deixada dentro d’água no sentido da infusão,
Não sou mais a primeira daquela amarga fila,
Esperando nervosamente ganhar seu coração.
Sou uma sombra do tempo, sou um vulto do nada
Esperando o nada, olhando o vulto da vida passar
Enquanto uso a boca da noite, até alta madrugada
Para clamar junto deste soneto vendo o dia clarear.
Meu amado, são tantas as lágrimas choradas
Que chegam a molhar o travesseiro desbotado
Entre rezas mal rezadas que fogem desesperadas.
Por não encontrar um segundo se quer de atenção,
Enquanto o pensamento voa, junto ao sonho encantado,
Escorregando pelas beiradas dos barrancos sem proteção.
DIONÉA FRAGOSO