Inquilino do meu corpo

Como não se conhecessem

Meu corpo e eu ocupamos o mesmo espaço.

Igual ao mar que arroja o algaço

Somos um só, sem saber quem é quem.

Eu ouço o grito dele que roga:

“Não finde o tempo tão traiçoeiro!”

Atravesso a vida remando um saveiro.

Cada dia é como uma voga.

O pensamento do fim é constante,

Assombra-nos a todo instante.

De perto o vejo se extenuar.

Do corpo sabemos seu fim,

Assim que cindir-se de mim.

Antes um só, novo tempo a suscitar.

Valter Pereira
Enviado por Valter Pereira em 01/03/2007
Código do texto: T398073
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