Inquilino do meu corpo
Como não se conhecessem
Meu corpo e eu ocupamos o mesmo espaço.
Igual ao mar que arroja o algaço
Somos um só, sem saber quem é quem.
Eu ouço o grito dele que roga:
“Não finde o tempo tão traiçoeiro!”
Atravesso a vida remando um saveiro.
Cada dia é como uma voga.
O pensamento do fim é constante,
Assombra-nos a todo instante.
De perto o vejo se extenuar.
Do corpo sabemos seu fim,
Assim que cindir-se de mim.
Antes um só, novo tempo a suscitar.