PLATONISMO MODERNO

Quem sabe que por certo a lira abeira

A sombra que da Ideia um verso escava

A forma na palavra, o som da oitava,

No bolso dessa língua que não queira

Ser forma sem ser dona ou ser escrava

Sensação dessa essência semi-inteira

Que ronda com as moscas varejeiras

O mausoléu daquilo que restava

Da chama nos silêncios putrefatos;

E chama quem não queira formar fatos

Depois de ser laçado no poema,

Pois pode a luz verter de seus assombros,

Se fora mergulhada nos escombros,

Jogar-se nos cartazes do cinema?