O AMOR CHEGOU SEM AVISAR

O amor chegou sem avisar,

minha porta estava aberta

e minha casa vazia

e ele, o amor, nem perguntou

se eu estava preparado,

e eu não estava.

Ainda havia em minha pele

marcas de unhas femininas

e no coração uma tristeza,

mágoa de uma história sem beleza.

Mas o amor chegou

e eu não o reconheci,

porque simplesmente

nunca tinha visto o seu rosto,

foi a primeira vez.

Então ele brincou no meu quintal,

cantou músicas pela minha boca,

me deu apetite voraz por comida

e pela vida

e dormiu na minha cama,

tornou-se o meu perfume,

deu-me segurança

e uma pitada de ciúmes

e me fez feliz.

Um pássaro de canto triste

foi solto da gaiola,

um velho senil

fez-se gênio e criança,

o sol mostrou sua face

depois de um longo inverno.

O amor chegou sem avisar

e foi melhor assim,

porque eu teria trancado a porta

por medo.

Vazio...

O vazio estende-se pela imensidão

A imensidão de mim, de meu labirinto

Vazio, simplesmente vazio...

Somos ocos, somos nada...

Somos sono, somos letargia

Entorpecidos caminhamos

Embriagados dançamos

A dança do medo, do apego

A esperança futura alimentamos

Sentar a direita do que está no centro

E do viver agora, nos distanciamos

A ampulheta não cessa, cai a areia

O vazio idealiza as linhas do tempo

A idealização do tempo consome a vida

O tempo volta a ser o vazio

E o vazio o tempo

O que foi deixou de ser

E o que é, não será mais.

DanielFCosta
Enviado por DanielFCosta em 10/11/2012
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