Hoje sim, quero a solidão sem dono
Hoje sim, quero a solidão de dois!
Quero acordar sozinho e tomar banho.
Quero iludir meu pobre olhar castanho,
Dizer-lhe que haverá risos depois.
Deixe-me aqui, deixe-me só. Estranho.
Deixe-me corpo que teu corpo pôs
De lado. Acuada deixe, pois,
A minha pobre alma de estanho.
Sejas somente boca aos meus reclames,
Sejas pão para a fome. Ainda que ames
Deixe-me só. Sozinho. Solitário.
Hoje sim, quero a solidão sem dono,
Quero a felicidade do abandono...
Eu, só, e meu pequeno sonetário.