CENA DA ROÇA
O sol descamba na agonia do poente!
O gado volta às cercanias do curral
Mugindo triste a dor do companheiro ausente
Levado a pouco para os ganchos do tendal!
A noite cai voraz, qual lúbrica serpente.
Abocanhando tudo em mágico ritual!
O candeeiro bruxuleia! Impaciente,
Alguém enxota o vira-lata pro quintal!
No silêncio da noite, o baque da porteira!
Pia a coruja, ronca ao longe a cachoeira
E o baio no curral relincha e cabriola!
A noite cai, voraz, qual lúbrica serpente,
O sertanejo à mesa come carne assada!
Cutuca os dentes, cospe, toma outra golada
E chora uma saudade ao toque da viola!
Salé, junho de 1998 Lucas
Do livro IRMÃOS DE SONHOS, PG.103, de MINHA EXCLU
SIVA AUTORIA- Lucas