Soneto nas nuvens
O céu azul bordado transitando, puxado pelas ventas,
Traz a certeza que as madrugadas tormentas,
Será de novo cassada pela luz quente do dia.
Início do novo, tempo de aventura, de alforria.
Noutro tempo guri, deitado sobre o pasto.
Espreitava o céu algodoado. Passageiro sem rastro.
Bisbilhoteiro via nas nuvens metáforas, elegantes,
Inusitadas, em tons de pérola. Devaneio de viajante.
Vindos de não sei onde desfilavam diante do pasmo olhar.
Era vento de setembro, cheiro verdolengo impregnando o ar.
Bichos, bonecos, figuras inimagináveis, mil personagens.
Nessa viajem evoluíam, inchavam, achatavam, de perfil.
Das mais diferentes formas alongavam o tempo pueril.
Deste guri que vivera no mundo frouxo das nuvens.