DESILUSÃO
A flor que ora deixo em vala escura
Colhi no alvorecer, ainda rebento,
E em êxtase de amor fui à procura
Daquela que floriu meu sentimento.
Levando-a na mão, assim segura,
Tornou-se testemunha de um tormento:
Volveu-me o rosto a ingrata criatura,
Frustrando em mim de vez o meu intento.
De onde a deixei, por uma fresta,
Exala o perfume que lhe resta;
Arauto anunciando – e como é triste! -
Que efêmera, embora, ainda se presta
A dar prosseguimento a minha festa.
Não sabe que o amor já não existe.
Selecionado no 5º Festival de Sonetos “Chave de Ouro”, promovido pela Academia Jacarehyense de Letras (Jacareí – SP), para a coletânea “Os 50 melhores sonetos de 2011”.