DESILUSÃO

A flor que ora deixo em vala escura

Colhi no alvorecer, ainda rebento,

E em êxtase de amor fui à procura

Daquela que floriu meu sentimento.

Levando-a na mão, assim segura,

Tornou-se testemunha de um tormento:

Volveu-me o rosto a ingrata criatura,

Frustrando em mim de vez o meu intento.

De onde a deixei, por uma fresta,

Exala o perfume que lhe resta;

Arauto anunciando – e como é triste! -

Que efêmera, embora, ainda se presta

A dar prosseguimento a minha festa.

Não sabe que o amor já não existe.

Selecionado no 5º Festival de Sonetos “Chave de Ouro”, promovido pela Academia Jacarehyense de Letras (Jacareí – SP), para a coletânea “Os 50 melhores sonetos de 2011”.

Gerson Silvestre
Enviado por Gerson Silvestre em 05/11/2012
Reeditado em 14/12/2012
Código do texto: T3970346
Classificação de conteúdo: seguro