cãs do tempo

sino dolente ao longe, triste, plange

sol desmaia seus raios cintilantes

cortina âmbar deita-se sobre amantes

tempo que timoneiro, nácar tange

brisa que sopra fino, dentes rangem

luz tênue como de abaju antes

a lua -frívola cristal diamante-

como se fora lâmina de alfange

galo ensurdece meus tímpanos mudos

de ouvirem claridades nunca vãs

e despertam para o concreto absurdo

e tateável dessas belas manhãs

em que sou nada; também sou tudo

nessa futura fronte: mechas cãs

Miguel de Souza
Enviado por Miguel de Souza em 04/11/2012
Reeditado em 04/11/2012
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