Consciência Negra.
Eu sou gente quero falar
Tenho voz quero me espessar
Vi os filhos de minha terra morrer
E sobre esse chão seu sangue escorrer
Minha alma é como a tua.
E por que queres me desprezar?
Porque por uma ação do destino nasci negro?
Então por não vieras à noite recusar?
Dos engenhos trousse a ti teu lucro.
Do suor do meu rosto trousse o alimento de teus filhos.
Dos meus seios os sustentei para que a morte não viesse os levar.
Mas aos filhos do meu ventre vi teus próprios filhos os matar.
Ainda ouço o estalar do chicote do feitor
E em meus lombos tenho as marcas da dor
Nos paus de araras vi meu corpo se dobrar
E os meus ossos se quebrar.
Junto aos carros de boi, pelas estradas que dizem reais.
Fui arrastado, massacrado e totalmente humilhado.
E da minha amada África viestes a me tirar.
Para que neste teu solo tu me venhas sacrificar.
Dentre os quilombos de palmares
Vi o sol se por ao longo dos mares.
De Zumbi vi um forte guerreiro lutar
Para que as nossas vidas viessem salvar.
Hoje sou a voz que clamei
E fui ouvida, mas que tentam silenciar.
Mas por essa nação que hoje é meu lar
Eu nunca deixarei de lutar, pois fui escravo.
Mas consegui me libertar.