Psiquê

Um dia o belo Amor de dor gritava,

Por Psiquê seu corpo ter ferido.

E assim, para abafar o seu gemido,

Mil flechas pelo vento atirava.

Num breve instante por ali passava,

E distraída sem ter me movido,

Flechada fui por esse tão temido,

Tornei-me, assim, do grande Amor escrava.

Soubesse eu que fosse assim tão grave

O ferimento que nos faz Amor.

A benção pura que te é concedida

Também te mata, reparte tua vida.

Teria dito com intenso ardor:

Em mim tuas flechas, por favor, não crave.