CANTO REVELADO * Se...

Se, neste mundo, eu sou apenas eu

e assumo tudo quanto diga ou faça,

serei, também, na graça e na desgraça,

o dia que por mim amanheceu.

Se em mim habita ainda a nostalgia

de idades de douradas projecções,

eu tento nos meus versos as canções

que vistam de luar a noite fria.

Se aperto o mundo todo num abraço

é porque sou, em todos os caminhos,

o dia de amanhã em cada passo...

Se sou o golpe de asa que há nos ninhos,

a minha dimensão é este espaço

azul sem fim dos livres passarinhos...

José-Augusto de Carvalho

Lisboa, 5 de Setembro de 2005.

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 28/02/2007
Reeditado em 29/12/2018
Código do texto: T396632
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