CANTO REVELADO * Se...
Se, neste mundo, eu sou apenas eu
e assumo tudo quanto diga ou faça,
serei, também, na graça e na desgraça,
o dia que por mim amanheceu.
Se em mim habita ainda a nostalgia
de idades de douradas projecções,
eu tento nos meus versos as canções
que vistam de luar a noite fria.
Se aperto o mundo todo num abraço
é porque sou, em todos os caminhos,
o dia de amanhã em cada passo...
Se sou o golpe de asa que há nos ninhos,
a minha dimensão é este espaço
azul sem fim dos livres passarinhos...
José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 5 de Setembro de 2005.