Madrugadas chorosas
São já quase três horas e nada de sono,
Pois martela na consciência a tua falta;
E nessas horas a saudade é tão peralta,
Que uma lembrança feliz é um abono.
Eu sinto que estou vivendo na ribalta,
A repetir o meu espetáculo monótono,
Porque sinto tanto desde o abandono,
Raiva e até desprezo da minha malta.
Se uma criança tem seu doce roubado,
Mesmo que no seu flanco tenha outro,
Ela fica chorando quase o tempo todo.
Assim é que me sinto, vivendo doutro
Doce, que de minhas mãos foi retirado;
Insone, sinto que ainda não está neutro.