Pedido

Dá-me um pouco de amor e de ternura,

O que te sobre de felicidade,

O que tenhas de sobra de ventura,

Para ajuntar-se ao que eu tenha de bondade.

Dá-me um pouco da terna claridade

Do teu olhar, pra minha noite escura,

O que possas me dar sem humildade

E o que me falte para ter ventura.

Dá-me esse pouco, essa migalha, em suma,

Que, quando erma tortura me vergasta

E as ilusões se vão de uma em uma,

Por entre as mágoas que carinho soneto,

- ainda que uma migalha de ternura basta

Quando saciar o coração de um carente.

Livro: Rimas antigas, Sonetos e Poemas

– Editora Líder pág. 39

Nunes Bittencourt
Enviado por Madalena Gomes em 31/10/2012
Código do texto: T3962593
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