Pedido
Dá-me um pouco de amor e de ternura,
O que te sobre de felicidade,
O que tenhas de sobra de ventura,
Para ajuntar-se ao que eu tenha de bondade.
Dá-me um pouco da terna claridade
Do teu olhar, pra minha noite escura,
O que possas me dar sem humildade
E o que me falte para ter ventura.
Dá-me esse pouco, essa migalha, em suma,
Que, quando erma tortura me vergasta
E as ilusões se vão de uma em uma,
Por entre as mágoas que carinho soneto,
- ainda que uma migalha de ternura basta
Quando saciar o coração de um carente.
Livro: Rimas antigas, Sonetos e Poemas
– Editora Líder pág. 39