Horas de tédio
Passam as horas nessa tarde morta;
A natureza me parece rude.
O vento sopra ao pé d'ouvido: Lute!
Mas logo nego, sem motivo em volta...
Ai, que desgraçava caminhar sem rota.
Ter por farol o olhar enegrecido,
O escárnio, a mágoa e ser tão esquecido...
Que viva ideia em meu pensar já brota!
Me despedir desse orbe frio, imundo,
Com seu pesar, tristeza e fel profundo,
Sem ter lamentos por deixar a vida.
Encomendar minh'alma no ocultismo,
E me lançar sorrindo em pleno abismo...
Sonhar no leito em que meu Deus dormita.